terça-feira, 10 de junho de 2008

Olhares de uma viagem de trem

Nessa crônica especial, os repórteres Bruno Anderson e Marcos Sampaio mostram os olhares e percepções de uma viagem de trem sob a ótica de quem só observa e a de quem muito conversa.

São 7h50min da manhã. Meu dia de fato ainda não acordou direito, mas a obrigação me faz estar esta hora na estação João Felipe. Uma menina de vestido róseo (combinando com as paredes da estação) puxa pelo braço o pai, que parece estar com tantas saudades da cama dele, quanto eu da minha. Tanta empolgação deve-se ao fato de ela estar indo para Maracanaú pela primeira vez de trem. Tudo bem, nem sei se foi a primeira vez, mas, para tanta empolgação, é como se fosse.

Não espero mais que meia hora até o trem chegar fazendo barulho. Segundo o guarda que fica na plataforma, ele está atrasado, como sempre. As poucas pessoas que embarcaram no último vagão me dão impressão que só por obrigação se pega um trem numa manhã nublada de Fortaleza. Até por que, em hipótese nenhuma, trata-se de uma diversão por si só. Tiro isso pelos três senhores que dormiram logo que o trem partiu. Ainda assim o Felipe, a Kaylane e a Yasmin fizeram questão de deixar registrado nos bancos a passagem deles por ali.

O público que está no trem é bem interessante: um casal que não trocou uma palavra o tempo inteiro, um senhor que me olhava desconfiado, uma senhora comentando o futuro do neto, a menina do vestido róseo e um grupo de quatro seguranças que acabou de largar o trabalho e está indo para casa.

Este grupo de quatro seguranças passa a viagem inteira contando detalhes sobre a vida de quem anda de trem diariamente. Um senhor com blusa do flamengo me fala o quanto são comuns os suicídios. Segundo ele, muitos casos de amor mal resolvidos são decididos embaixo do trem. Segue a viagem e um dos senhores que estava dormindo acorda pra coçar a orelha.

Ainda segundo o flamenguista, dois trens fazem o mesmo trajeto. Quando um está indo para a Vila das Flores, em Maracanaú, o outro está voltando. Um é mais novo, as portas funcionam e tem as janelas inteiras. O outro não teve a mesma sorte, por isso está todo aranhado, com os bancos arrancados e os vidros quebrados, o que compensa em ventilação. Estou no primeiro.

Outro dos seguranças está terminando o segundo grau e tem um tubarão tatuado no antebraço. Quando perguntei a ele sobre o preço da passagem ser um real (a inteira), ele imediatamente diz que acha barato. E é porque ele nunca leu o cartaz que está acima da cabeça dele dizendo que aos domingos é valor de meia (R$ 0,50) pra todo mundo.

Chegamos à última estação e o trem começa a voltar, desta vez, mais cheio. Observando pela janela, vejo muitas construções e muito verde. Lembram os filmes americanos que mostram o surgimento das ferrovias. Apesar do nublado do vidro, provocado por sujeira, arranhão e idade, vejo a estação da Parangaba, do Otávio Bonfim, o cemitério São João Batista e chegamos novamente à estação João Felipe. O dia continua nublado. Atravesso a praça da estação em direção a uma lanchonete. Peço um caldo de cana e sigo em direção ao trabalho pensando no que deverei escrever para este trabalho.

Quer saber os papos que rolaram antes e depois dessa aventura pelos trens de Fortaleza? Então não deixe de conferir a crônica-reportagem de Bruno Anderson. Veja!

Em busca da melhor pesquisa

Há males que vêm para bem. Em 1996, dois estudantes da Califórnia se viram num mato sem cachorro. Eles estavam totalmente frustrados com as ferramentas de busca oferecidas na internet naquela época. Decidiram, então, montar um buscador que fosse rápido, eficiente e com poucos detalhes, para que quem o acessasse não precisasse perder tempo. Foi assim que nasceu o Google, hoje, o mais famoso site de busca na internet.

Com o tempo, o Google tornou-se tão popular que poucas pessoas procuram outro. Entre seus usuários está Rosa Maria e Elizete Colares. Ambas ingressaram no mestrado em educação em 2000. Desde então, precisam diariamente dos serviços googlianos. Desde que conheceram suas ferramentas, não se interessaram em procurar outro.

Quando perguntada sobre que tipo de dificuldade sente em relação às pesquisas, Elizete é taxativa: “nenhuma”. Rosa discorda e conta que ainda se confunde com tanta informação. E completa com orgulho: “já progredi bastante nas buscas, escolhendo as palavras mais direcionadas ao que preciso, mas muitas vezes pego retalhos, junto todos eles, e tento favorecer a minha compreensão e necessidade do momento. Outros textos, sequer consigo abrir para ler. Ainda têm aqueles que deles não se pode nada tirar”.

Por fim, pergunto se elas têm algo a sugerir para melhorar o processo de pesquisa do Google. Elizete diz que ele atende bem às suas necessidades. Ela diz ainda que não conhece outras ferramentas, por isso não se sente apta a sugerir modificações. “Para meu trabalho está bom”, encerra. Rosa Maria acredita que as pesquisas poderiam ser melhor direcionadas. Ela também usa o Cadê.com e sugere que poderia ser “melhor a liberação de algumas produções, pesquisas, mais específicas para assuntos os mais diversos, que
viessem abranger uma área maior de atuação acadêmica.”